Recado
de fantasma
Tudo começou quando nos mudamos para aquela casa. Era
um antigo sobrado, com uma grande varanda envidraçada e um jardim. Eu me sentia
tão feliz em morar num lugar espaçoso como aquele, que nem dei atenção aos
comentários dos vizinhos, com quem fui fazendo amizade. Eles diziam que a casa
era mal-assombrada. Alguns afirmavam ouvir alguém cantando por lá às
sextas-feiras.
- Deve ser coisa de fantasma! - falavam.
- Se existe, nunca vi! - E então contava a eles que as
casas antigas, como aquela, com assoalho de madeira, estalam por causa da
mudança de temperatura. Isso é um fenômeno natural - conforme meu pai havia me
explicado.
Mas meus amigos não se convenciam facilmente. Apostavam
que mais dia, menos dia eu iria levar o maior susto.
Certa noite, três anos atrás, aconteceu algo
impressionante. Meus pais haviam saído e fiquei em casa com a minha irmã.
Depois do jantar, fui para o quarto montar um quebra-cabeça de 500 peças,
desses bem difíceis. Faltava um quarto para a meia-noite. Eu andava a
procura de uma peça para terminar a metade do cenário quando senti um ar gelado
bem perto de mim. As peças espalhadas pelo chão começaram a tremer. Vi,
arrepiado, cinco delas, flutuar e depois se encaixar bem no lugar certo. Fiquei
tão assustado que nem consegui me mexer. Só quando tive a impressão de ouvir
passos se afastando é que pude gritar e sair correndo escada abaixo.
Minha irmã tentou me acalmar, dizendo que tudo não
passava de imaginação, mas eu insisti e implorei que ela viesse até o quarto
comigo. Uma segunda surpresa me esperava: o quebra-cabeça estava montado,
formando a imagem de uma casa com um jardim bem florido. No entanto, meu Jogo
formava o cenário de uma guerra espacial, eu tinha certeza!
No dia seguinte, fui até a biblioteca pesquisar o tema.
Eu e Beth encontramos dúzias de livros que tratavam de fatos extraordinários e
aparições. E a explicação para eventos desse tipo foi a seguinte:
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Hoje minha casa tem o jardim mais bonito da rua.
Centenas de lindas margaridas brancas florescem a maior parte do ano (para
total espanto da vizinhança). O fantasma? Nunca mais vi. Decerto passeia feliz
pelo jardim, nas noites de lua cheia.
Flávia Muniz
1. Preenchendo lacunas: Forneça explicações que
respeitem a lógica do texto.
- Existe mesmo um fantasma? - Quem ele era quando estava vivo?
- Por que esse estranho personagem trocou a imagem do
quebra-cabeça?
- Qual foi sua intenção ao fazer as peças do jogo
"flutuarem”?
2. Complete o texto com uma explicação coerente com a
história.
3. Grife no texto as palavras e expressões que podem
ser relacionadas à Matemática. Observe que há números naturais, fracionários,
ordinais, contagem e agrupamento, medidas de tempo e adição.
4. Volte ao trecho que fala sobre "dúzias de
livros” O que a autora quis dizer com dúzias?
5. “Dúzia” serviu para criar um efeito de exagero, de
grande quantidade. Identifique outra passagem em que isso acorre.
6. "Certa noite, três anos atrás, aconteceu algo
impressionante”. Supondo que o texto tenha sido escrito em 2002, em que ano
esse “algo impressionante” ocorreu?
7. “Faltava um quarto para meia-noite” Que horas eram
quando o narrador sentiu um ar gelado?
8. Que horas
seriam se a autora escrevesse um quarto após a meia-noite?
9. Se o quebra-cabeça era de 500 peças e faltava apenas
uma para completar metade do cenário, quantas delas já haviam sido colocadas em
seus lugares?
10. Depois que as cinco peças flutuaram e foram
encaixadas, quantas peças ficaram no jogo? Naquele momento, quantas peças ainda
faltavam para completar o quebra-cabeça?
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